O filósofo
grego Platão, um dos maiores pensadores que já existiu, afirmou que é
impossível se fazer ciência a partir da opinião (doxa), pois o conhecimento verdadeiro só é possível com a
contemplação das ideias perfeitas, eternas e imutáveis existentes no “mundo
inteligível”. Pode-se como fez Aristóteles, seu grande discípulo, criticar outros
aspectos do pensamento platônico acerca inclusive do “mundo sensível”,
entretanto, dificilmente questiona-se sem erro o fato de que a doxa não pode ser fundamento máximo da
ciência e do conhecimento. Por outro lado isso não significa que ela não tenha
importância alguma, e que um conhecimento verdadeiro pode surgir de uma opinião
que se mostrou correta.
Queria com
estas palavras demonstrar que por mais que a opinião seja útil ela não pode ter
a última palavra em assuntos que demandem reflexões relevantes e sérias. De
forma anedótica podemos dizer que a opinião serve para a pessoa escolher se
gosta ou não de comer goiabas, mas não para afirmar sem mais se um terreno
serve ou não para plantar goiabeiras, para isso é necessário um conhecimento
mínimo de agronomia. Apesar disso parecer claro, a “civilização tecnológica”
possuidora de vasto arsenal científico, dá cada vez mais espaço para a opinião
ou achismo em assunto de extrema relevância. Convivem juntos um rigorismo
tecnicista e um subjetivismo niilista! [1]
Este parece
ser o cenário atual herdeiro do antropocentrismo e do relativismo. Se a ciência
e a técnica tomaram para si toda a razão, sobrou para o “resto” desrazão. Então
o que impera em política e religião, por exemplo, quando não os reduzem à
ciência tecnicista, é o achismo. Isso gera fenômenos impressionantes. No caso
da política lembro que minha mãe diz criticando a democracia liberal que alguns
parentes nossos votaram no Fernando Collor à época porque ela “boa pinta”,
elegante, etc. No caso da religião cito um caso recente o da renúncia do Santo
Padre, o Papa Bento XVI. Nem bem ele havia se pronunciado e irromperam milhares
de analistas dando suas opiniões, algumas delas tão descabidas que chegam a ser
cômicas.
Caros amigos
é por essas e outras que ando meio desconfiado quando ouço perguntas do tipo: O
que você acha disso? Qual a sua opinião sobre aquilo?
[1]
Isso me faz lembrar a seguinte passagem bíblica: “Guias
cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo.” (São Mateus 23,24). Cabe explicar que menciono esta passagem apenas de forma
analógica.
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